Mulheres de Magritte

O videodança Mulheres de Magritte é uma realização de Isabela Silveira e Núcleo VAGAPARA, em parceria com os videoartistas Rodrigo de Luna (BA) e Renato Gaiarsa (BA/SP). Financiado através do Prêmio Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de Cultura 2008, da FUNARTE/MINC, o projeto foi realizado na cidade de Porto Alegre, onde a artista residiu durante dois meses, nos quais trabalhou com a ONG Maria Mulher – Organização de Mulheres Negras. Atendendo à comunidade da Vila Cruzeiro do Sul, em especial às mulheres vítimas de violência, a ONG abriu as portas para artista desenvolver atividades de teatro, dança e exibições de vídeos para as mulheres da vila, ao passo que levantava histórias pessoais das participantes, compondo a partir delas a dramaturgia/roteiro do vídeo. Transpondo para seu corpo a movimentação cotidiana das mulheres assistidas pela instituição e tecendo um discurso poético sobre feminino e identidade, a intérprete criou um curta-metragem que revela seu olhar pessoal sobre o universo da mulher.

Sinopse

O que lhe identifica? Até que ponto o olhar do outro diz quem você é? O que realmente define sua identidade? O que resta em um corpo sem face? Ser mulher, o que é? O que você vê ao se olhar no espelho? Mulheres de Magritte levanta respostas possíveis para questionamentos ligados a identidade e feminino, em um diálogo livre entre palavra e movimento. Moradoras da Vila Cruzeiro do Sul, em Porto Alegre-RS, apresentam relatos de superação e reconquista de sua autonomia, contando histórias que poderiam vir de qualquer parte de nosso país. Um olhar feminino que revela a realidade de tantas mulheres, muitas vezes invisíveis sob violências silenciosas.

Ficha Técnica

Um videodança de Isabela Silveira
Direção: Isabela Silveira, Rodrigo de Luna e Renato Gaiarsa
Câmera: Rodrigo de Luna e Renato Gaiarsa
Edição e Montagem: Caio Rubens e Renato Gaiarsa
Orientação de Movimento: Márcio Nonato
Trilha Sonora: Luisão Pereira e Fernanda Monteiro
Produção executiva: Isabela Silveira
Informações técnicas: 8’52” (com créditos)/ Documentário/ Digital HD/ Som Dolby Digital/ Cor

Sobre a Residência

Realizado por Isabela Silveira, a partir de uma residência artística na cidade de Porto Alegre, em parceria com a organização Maria Mulher – Organização de Mulheres Negras, o videodança tem características documentais baseado nas noções de identidade e des-identidade. Esses termos aqui são compreendidos como o conjunto de aspectos que caracterizam um sujeito e o difere dos demais, e possíveis trânsitos desses aspectos, ajustados e revisados conforme o contexto.

Nesse período participou das atividades que envolviam as mulheres residentes na comunidade onde a instituição está situada, a Vila Cruzeiro do Sul. Foram realizadas oficinas, exibições de filmes e reuniões com assistentes sociais e atendimento às famílias. Desta forma, Mulheres de Magritte é um videodança com características documentais onde os depoimentos e as ações cotidianas das mulheres da comunidade estimularam a criação de movimento, sendo utilizados pelos seus potenciais expressivos e reorganizados no corpo da intérprete.

Após ampla pesquisa sobre pontos de cultura no Brasil, a artista baiana escolheu a Maria Mulher – Organização de Mulheres Negras, por esta desenvolver ações afirmativas da identidade feminina e de combate às variadas formas de violência contra a mulher. A Maria Mulher trabalha há 22 anos em Porto Alegre-RS, atuando na defesa dos direitos das mulheres, na construção da cidadania de meninas e adolescentes e na promoção da igualdade racial, além de trabalhar como interventora política e produzir atividades junto à comunidade.

O prêmio Funarte teve como objetivo apoiar o intercâmbio cultural e estético entre artistas do campo da Arte Contemporânea e a rede de Pontos de Cultura. A pesquisa e o videodança Mulheres de Magritte foram desenvolvidos no intuito de refletir sobre as diversas expressões de violência que vem se apresentando, contra a mulher, no Brasil, sobre os mecanismos que essas mulheres vêm adotando, ainda que de forma inconsciente, em prol da afirmação de sua identidade e, ainda, perceber em qual instância isso é uma forma de combate à violência. Além de pesquisar novos procedimentos criativos para uma composição em dança, utilizando como material de suporte a vivência de personagens reais, resultando num produto artístico que promove a popularização da dança contemporânea.

A referência a René Magritte, pintor surrealista nascido na Bélgica (1898-1967) no projeto provém do interesse na abordagem do artista sobre a imagem da mulher e suas provocações visuais em cima a ideia de identidade e veracidade. Magritte é mundialmente conhecido pelo famoso quadro Isto não é um cachimbo. As obras desse artista geram confusão no olhar de quem as vê e brincam com a compreensão/ interpretação. O tema do feminino é explorado por Magritte de maneira marcante, através de representações do corpo da mulher em variadas e inusitadas situações.

Prêmios Conquistados

Realizado através do edital Interações Estéticas – Residências artísticas em pontos de cultura (FUNARTE);
– Melhor vídeo experimental do ValeCurtas – festival de curtas do Vale do São Francisco 2009 (Petrolina –PE e Juazeiro BA – BRA); Seleção XIII ENEARTE – Encontro nacional de estudantes de artes 2009 (Salvador – BA – BRA); Selecionado Bienal Internacional de Dança do Ceará 2010 (Fortaleza – CE – BRA); Selecionado SEU – Semana Experimental Urbana (Porto Alegre – RS – BRA); Selecionado Cuerpo Digital – festival de videodanza 2010 (La Paz – BOL); Selecionado Festival Videodanza Ecuador 2010 (Quito – ECU); Selecionado Festival Itinerante De Solos e Coletivos 2011 (Barreiras, Bom Jesus da Lapa e Santa Maria da Vitória – BA – BRA).

Sobre Isabela Silveira

Isabela Silveira é mestra em Teatro pelo PPGAC-UFBA, atriz, dançarina e gestora cultural.
Integrante do Núcleo VAGAPARA desde 2007. É bacharel em Interpretação Teatral pela
UFBA, e desde sua graduação vem trabalhando com diversos diretores reconhecidos de
Salvador. Foi coordenadora do Espaço Xisto Bahia entre 2012 e 2015 e atualmente é sócia-fundadora da companhia de criações infantis MIUDIM Teatro de Bolso, ao lado de João Lima.

Créditos

Esta iniciativa integra o Prêmio de Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de Cultura, da FUNARTE, Ministério da Cultura e Governo Federal.